top of page

Poluição contribuiu para morte de menina em Londres

  • Foto do escritor: Equipe o Ar que Respiramos
    Equipe o Ar que Respiramos
  • 22 de mar. de 2021
  • 2 min de leitura

Autora: Zorayda Fonseca Simon

Ella Adoo-Kissi-Debrah, 9 anos, faleceu em 15/02/2013 vítima de uma grave crise de asma que lhe provocou uma parada cardíaca. Sua condição de saúde começou em 2010, quando tinha apenas 6 anos de idade e desde então foram muitas internações (por volta de 27) até seu triste desfecho. Ella morava a 25m da South Circular Road, uma das principais avenidas de Londres, onde os níveis de poluentes é muito alto. Seus pais declararam ao Tribunal que nunca souberam quais os perigos que a poluição traziam para saúde dela.


Em 2014 atestaram ser sua morte por insuficiência respiratória aguda provocada por asma grave e não pela poluição. Em 2018, o prof. de Imunofarmacologia da Universidade de Southampton, Stephen Holgate, especialista britânico em poluição atmosférica, apontou “vínculo evidente” entre as internações de Ella em serviços de emergência e os picos registrados de dióxido de nitrogênio (NO₂) e partículas em suspensão, poluentes mais prejudiciais. Afirmou, ainda, que Ella vivia no fio da navalha e que uma “hipersecreção” de muco em seus pulmões provocou ataques de tosse que pioraram no inverno de 2012, “quando a poluição do ar em seu bairro piorou.” Seu testemunho ajudou e muito na retomada do caso pela justiça.

Em 2019, a sentença foi anulada e o caso reiniciado. A justiça britânica iniciou 2ª investigação em 2020 que examinou níveis de contaminação, aos quais fora exposta, para determinar se provocaram sua morte. Em sua decisão o médico legista, Philip Barlow, estabeleceu as causas da morte: em 1º lugar a insuficiência respiratória aguda, em 2º lugar a asma que afetava a menina e, em 3º lugar a exposição à poluição, cujo nível superava as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Barlow afirmou que “a contaminação atmosférica contribuiu materialmente com sua morte” e que “tem certeza de que Ella morreu de asma, mas que sofreu contribuição por uma excessiva exposição à poluição do ar”.

A mãe de Ella, Rosamund Adoo-Kissi-Debrah, afirmou que “desejava justiça para sua filha e melhorar a vida de muitas crianças” ao pressionar as autoridades a adotarem medidas contra a poluição do ar. “As pessoas provavelmente não percebem como a poluição atmosférica é perigosa (...) acredito que é uma emergência de saúde pública e devemos fazer mais”, declarou.

Especialistas calculam que entre 28 mil e 36 mil mortes estão vinculadas à poluição do ar a cada ano no Reino Unido. Dados da prefeitura de Londres comprovam que 99% da cidade supera os limites recomendados pela OMS para a poluição do ar.

Exposições prolongadas a poluentes atmosféricos podem causar diabetes, câncer e doença nos pulmões, e evidências sugerem que a poluição do ar pode estar ligada ao alto índice de mortes em pacientes com Covid-19. O Advogado da família afirmou que colocar a poluição ambiental como uma das causas da morte de Ella é algo “sem precedentes”, talvez, na história mundial e que agora isso abre a jurisprudência no direito anglo-saxão.

A justiça britânica reconheceu pela primeira vez, em 16/12/2020, o papel da poluição atmosférica em uma morte.

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo

Commentaires


Realização
Parceiros
7_edited_edited.jpg
ufpr_1000.jpg
168ae3d2-445e-4498-8e19-49f98fe30eee.jfi
0b94b72b-424f-4f40-b2cd-b0f2ee0e761e_edi
Apoio
Urbs-logo.png
IAT.png
GOV_PR.png
LQ.png

©2019 - 2023

Projeto O Ar que Respiramos

Desenvolvido por Kolicheski, Bastos, Marcondes e Muller

  • Facebook - Black Circle
  • Preto Ícone Instagram

"Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora."

bottom of page