Saúde cerebral da população afetada pela poluição do ar!
- Equipe o Ar que Respiramos
- 9 de out. de 2021
- 2 min de leitura
Autora: Gabriela da Silveira Müller
09/10/2021
É sabido que a poluição do ar pode ter efeito extremamente danoso à saúde humana. No Brasil, se estima que ocorrerão 128 mil mortes humanas de 2018 a 2025, considerando apenas 6 regiões metropolitanas. Além disso, serão aproximadamente 70 mil pessoas internadas, o que custará R$130 milhões para as verbas públicas destinadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) (IEMA, 2021). Hoje, frente à pandemia mundial do Covid-19, a ameaça da poluição atmosférica é considerada a segunda maior causa ambiental de doenças e mortes prematuras no mundo. Mas será que esses casos evitáveis envolvem apenas doenças e deficiências pulmonares?
Para quem pesquisa os efeitos da poluição do ar, já se sabe que não! Por exemplo, a Alzheimer's Association International Conference (AAIC) 2021 trouxe uma nova e promissora perspectiva. Pesquisadoras e pesquisadores presentes na AAIC reconheceram a conexão entre a exposição contínua ao ar poluído e o acúmulo de placas no tecido cerebral, relacionadas ao Alzheimer. Consequentemente, concluíram que a diminuição da emissão de gases poluentes é essencial para pensarmos a saúde cerebral da população humana a médio e longo prazo. E existem vários estudos que confirmam isto, vejam só:
Um estudo feito por Xinhui Wang analisou os efeitos decorrentes da redução nos parâmetros atuais da Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos EUA sobre material particulado fino PM2.5 e NO2. As análises foram feitas em um grupo de mulheres com 74 a 92 anos de idade. Em 10 anos, a redução de apenas 10% dos níveis de poluição diminuiu de 14% a 26% os riscos de demência e declínio cognitivo das mulheres nesta faixa etária. Estes resultados são independentes de doenças prévias, da situação socioeconômica e da idade.
Outra demonstração dos benefícios da qualidade do ar para a saúde cerebral é apresentada por Noemie Letellier em seu estudo feito na França. Ao longo de 10 anos, ela constatou que para cada micrograma reduzida de PM2.5 por metro cúbico de ar, ocorre uma queda de 15% de risco de demências em geral e 17% de risco de Alzheimer.
E por fim, de acordo com o estudo de Christina Park, a exposição a longo prazo a poluentes atmosféricos foi associada aos altos índices de beta-amiloide no sangue de um grupo amostral de indivíduos nos EUA. Essas proteínas são as formadoras das placas que geram Alzheimer.
Vemos que esta nova linha de raciocínio permite olhar para uma maior gama de benefícios advindos da melhoria na qualidade do ar, que abrangem o direito da população ao meio ambiente equilibrado, a qualidade de vida destas pessoas e avanços socioeconômicos. Para além disso, é evidente que existem novas estratégias possíveis para cientistas e organizações ambientais e da saúde exigirem ações efetivas dos governos locais e federais, facilitando o entendimento destes sobre os benefícios da melhoria progressiva da qualidade do ar. Se saúde é um direito constitucional, devemos exigi-la!
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FONTES
IEMA. Brasil ignora sua política de controle de poluição do ar, segundo levantamento. Disponível em: https://energiaeambiente.org.br/brasil-ignora-sua-politica-de-controle-de-poluicao-do-ar-segundo-levantamento-20210128
HENDERSON, E. Air quality improvement linked with reduced risk of dementia. Disponível em: https://www.news-medical.net/news/20210726/Air-quality-improvement-linked-with-reduced-risk-of-dementia.aspx
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